Olá,
meninas! Tudo bem?
Outro
dia, eu estava lendo um pouco sobre história da moda e achei esse texto muito
bom sobre espartilhos no site Bella Moda, e quis compartilhar com vocês um
pouco dessas curiosidades.
Todas adoramos uma cinturinha fina, bem desenhada, mas vamos saber de
onde vem esse gosto que nós temos até hoje e que fazem a cabeça dos homens já a
muito tempo.
Apesar da imediata associação com as minúsculas cinturas vitorianas, o
corset data de muito antes. Desde que apareceu na história da moda, no século
XVI, esta vestimenta tem sido usada como suporte e controle para as formas
naturais do corpo.
Entre a Antiguidade e
a Idade Média, o suporte ao busto e à cintura era geralmente feito com faixas
de tecido, quando era feito. Nos séculos XIII e XIV, amarrações e materiais
mais rígidos incorporados às próprias vestes ajudavam a moldar o corpo numa
forma esguia. Essa idéia evoluiria para o kirtle, um tipo de colete engomado
e/ou reforçado com cordas (como barbatanas), amarrado na frente. Eventualmente,
o kirtle se mudaria para dentro das roupas. Mais tarde, a idéia de “vestido”
seria enfim separada em corpete e saia, permitindo que o corpete fosse justo e
retilíneo, enquanto a saia poderia ser absurdamente volumosa com a ajuda de
anáguas engomadas e crinolinas.
De um ponto de vista prático, ter uma peça única feita exclusivamente
para moldar o corpo seria muito mais racional do que reforçar todas as outras
peças do guarda-roupa, e colocar a tensão do suporte nessa peça ajudaria também
a estender a vida útil do vestido.
Para manter a forma esguia e cônica sob o corpete é que seria
introduzido o que se chamaria, dependendo da época ou região, payre of bodies,
corps, ou vasquina, entre outros nomes; um corpete reforçado e rígido usado
como roupa de baixo, que hoje chamamos de espartilho ou corset. A rigidez era o
principal atributo do corset. A redução da cintura era mínima, mas o busto era
erguido e pressionado, e as costas mantidas numa postura reta e distinta, como
era de se esperar de uma dama. Tal rigidez era alcançada com tecido pesadamente
engomado, couro, juncos ou cordas engomadas inseridas em canais costurados
entre as camadas de tecido. Para manter as formas ainda mais retas, o busk, uma
estreita placa de madeira ou marfim, era introduzido na frente, e poderia ser
removido (alguns poderiam ser até esculpidos no formato de adagas, para ajudar
a dama a se proteger de admiradores indesejados). Existe inclusive um corset
sobrevivente feito em metal, como uma armadura, mas não se sabe se isto era
comum ou se era um modelo ortopédico.
Ao contrário do que se pode pensar, os primeiros corsets não deviam ser
de todo desconfortáveis. Modelos recriados com fidelidade histórica são usados
como figurino para teatro, cinema e feiras renascentistas, e há quem afirme que
são mais confortáveis do que um sutiã moderno com aro. Não há muita pressão na
cintura, como num espartilho vitoriano, nem tensão sobre os ombros (mesmo nos
modelos com alça), como num sutiã, e algumas mulheres com problemas nas costas
afirmam que o suporte é ainda melhor do que o de uma cinta ortopédica.
O corset não mudou tanto entre a renascença e o rococó; a cintura veio
um pouco mais abaixo, com incisões de alguns centímetros permitindo que
acompanhasse a curva do quadril e dando maior conforto; as alças foram ficando
mais comuns e o busto mais baixo, delineando formas mais arredondadas.
No século XVIII, as
formas começaram a mudar. Com a revolução francesa e, posteriormente, a
ascenção de Napoleão, as formas naturais começavam a ser valorizadas novamente.
O estilo neo-clássico chegava à moda, com formas fluidas e leves, e o corset
foi quase completamente abandonado; apenas as mulheres menos favorecidas pela
natureza usavam suportes. Mas isto seria breve, pois logo os corsets voltariam,
num novo design. A barbatana de baleia daria mais flexibilidade mantendo o
suporte, o que permitiria uma maior pressão sobre a cintura.
Ainda não chegava à febre vitoriana, mas a pressão sobre os órgãos
internos já começava a fazer os médicos protestarem. Nem as crianças escapavam;
assim que pudessem andar, meninos e meninas eram colocadas em suportes (formas
mais leves do corset), supostamente para desenvolver uma postura erguida.
No começo do século
XIX as ilhoses de metal permitiam um corset ainda mais apertado sem o perigo de
rasgar o tecido, e o busk dividido em dois permitia o fechamento e a abertura
sem que fosse necessário desfazer a amarração. As cinturas foram ficando mais
estreitas, e os médicos mais preocupados…
No entanto, a maioria das histórias de terror que se conta sobre os
espartilhos é exceção ou lenda. Mulheres que treinavam para atingir cinturas
extremas, com 40 centímetros ou menos, ocorriam mais ou menos com a mesma frequência
e no mesmo contexto social dos casos clínicos de anorexia hoje em dia. Relatos
sobre perfuração de órgãos internos são incomuns, mas existem; desmaios frequentes,
antes atribuídos à suposta "fragilidade feminina", são reconhecidos
hoje como diminuição da capacidade respiratória pelo pressionamento dos
pulmões.
O uso permanente do
corset poderia fragilizar a coluna com o tempo, atrofiando os músculos que a
sustentam. Alguns modelos eram mais nocivos, como o chamado pipe-stem, onde a
cintura em seu ponto mais estreito se alongava verticalmente por de um a dez
centímetros; ou o wasp, em que a cintura se formava a partir das costelas numa
linha reta, e depois se expandia para o quadril de maneira dramática, quase sem
curvas. Mas a maioria das mulheres apenas queria suavizar sua cintura para a
delicada forma de ampulheta - até 10 centímetros de redução não chegavam a
comprometer o conforto ou saúde - além de achatar o ventre e suportar o busto;
o corset não chegava aos quadris e sempre cobria o peito.
Com o passar do tempo, os vestidos foram ficando mais esguios e menos
rodados; as crinolinas eram trocadas por anquinhas traseiras, e boa parte das
anáguas foi eliminada anáguas (restavam apenas uma ou duas, quando cinco não
eram incomuns no começo deste século).O aço foi substituindo a barbatana de
baleia, cada vez mais rara. A silhueta foi tomando a forma de um "S"
- o peito estufado, a barriga reta e o derriére empinado. A linha do busto
ficou mais baixa e o corset chegava a cobrir os quadris. Achatar o estômago e
manter a postura, na Belle Époque, era mais importante do que uma forma de
ampulheta, e os corsets da época eram considerados "saudáveis" por
conta disto.
As formas neoclássicas, naturais e fluidas, voltariam à moda novamente.
Supostamente não se deve usar nada sob um vestido em viés de Mme Vionnet, no
começo do século XX. O sutiã já havia sido inventado, e começava a ficar
popular. Os tecidos elásticos também davam novas possibilidades de controlar as
formas.
Nos anos 1920, com a silhueta reta de "garçonne", os corsets
ficaram cada vez mais raros e eram usados apenas para reduzir o quadril,
enquanto o busto era suportado por sutiãs e achatado por faixas de tecido ou
artefatos especialmente desenvolvidos para isto. O corset acabou restrito à
fantasia e ao fetiche durante a maior parte do século XX. Mesmo nos anos 1950,
quando o New Look de Dior voltou a valorizar a cintura de pilão, apenas cintas
de tecido elástico levemente reforçadas eram usadas. Mas entre o fim dos anos
1970 e os anos 1980, estilistas como Vivienne Westwood e Jean-Paul Gaultier
trariam ao outerwear justamente elementos da fantasia e do fetiche,
especialmente do BDSM. Couro, vinil, látex, correntes, e, adivinhe só, corsets.
A moda alternativa punk e gótica incorporou o espartilho como elemento fundamental.
Dos anos 1990 em diante o corset se tornou couture, e não é incomum encontrar
um ou dois em cada coleção dos grandes estilistas e nas capas da Vogue.
Ainda que (e talvez justamente por isso) tenha deixado de ser peça
básica, o espartilho jamais morreu. Seja por sua capacidade de modificar o
corpo, restringir e disciplinar, seja somente pela atração estética que
provoca, o corset permanecerá sempre vivo, senão na moda, ao menos na fantasia
de seus admiradores.
Fonte: História da Moda
O pair of bodies à esquerda pertenceu à rainha Elizabeth I
Fonte: História da Moda
Stays
Fonte: História da Moda
1810-1840
Fonte: História da Moda
1900 - 1908 - 1917
Uma brassiere - ancestral do sutiã - que pertenceu à imperatriz Joséphine
Fonte: História da Moda
Corset com busk de metal, barbatanas de baleia e na cor azul, nunca usado, feito para exibição de 1851 de Roxey Ann Caplin
Espero
que vocês tenham gostado de saber mais um pouco sobre essa peça, que
pessoalmente, acho linda!
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Beijos
e até mais.
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